Abri a porta do quarto devagar. Você já estava dormindo quando eu cheguei. Me demorei um pouco te olhando ali da porta, quase sem ousar entrar. Não sei quanto tempo se passou ao certo, só sei que você estava linda, dormindo esticada na nossa cama, abraçada ao travesseiro que cobria um dos teus seios e deixava o outro ali, apoiado confortavelmente sobre ele. Tuas pernas longas, o lençol que se passeava em tuas coxas e a paz do teu sono preenchiam o nosso quarto. Ali, meu amor, me demorei porque olhava para um sonho que já tive e que, por alguma bênção dos céus, se materializou em você.
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Tirei os sapatos como quem está a entrar em solo sagrado. Não queria te acordar. A vida vem vindo dura, apesar de toda a suavidade de nós duas. Entrei no banheiro com cuidado. Tirei a roupa, lavei o rosto e as mãos. Vesti minha blusinha de dormir. Me fiz confortável para que pudesse estar de acordo com a grandeza da nossa cama. Deitei o mais devagar que pude ao teu lado e você, em meio ao sono, passou a mão em minha cintura e se encaixou em mim. Ainda com vozinha de sono me disse: "Eu já estava com saudades, meu amor".
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Puxei tua mão te apertando mais em mim. Que o amor é essa coisa quentinha e íntima, em que a gente põe uma roupinha velha, calcinha e lava o rosto mesmo: que é para receber, fresquinha e limpa, a bênção que é ser lugar para alguém.
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