Hoje é uma das lembranças mais doces que eu tenho. De um lado eu. Do outro, ela. A gente estava sentadas no quarto do hotel uma olhando para a outra há pelo menos duas horas. Já tínhamos chorado. Já tínhamos falado de nosso amor. Já tínhamos pensado em todos os "e se" possíveis. Mas a resposta final vinha sempre a mesma de tantos outros momentos como esse: o contexto no qual cada uma de nós estava era maior que o ainda assim tão grande amor que tínhamos. Resignamo-nos uma última vez diante de todos os fatos e pessoas de nossas vidas. Nem sempre basta o amor. Por maior e mais intenso que ele seja, às vezes simplesmente não é o tempo dele poder ser.
Ontem nos encontramos por acaso. Aconteceu de estarmos em um mesmo evento. Fazia sete anos que não nos víamos. Eu não sei nem descrever o que senti. Ela me viu antes. Quando a vi, ela já estava olhando para mim com os olhos marejados. Caminhamos em direção uma à outra como se só as duas ali existissem. Quando chegamos frente à frente, tudo o que eu podia sentir era o pulsar do meu próprio coração: e eu inteira a pulsar com ele. Nosso abraço foi longo. O abraço de um amor que reencontra os dois pedaços que o formam.
Ao sairmos do abraço, palavras não foram necessárias. Não iríamos reduzir nosso amor a frases cordiais. Sabíamos que hoje as crianças estavam crescidas. Que nossos maridos cá estavam ainda. Que toda a estrutura da qual não abrimos mão ali estava. Sabíamos o que éramos uma para a outra. Sabíamos de nosso amor. Sabíamos de quantas noites as nossas lembranças nos afagaram. Sabíamos.
É que o amor às vezes acontece apenas para nos fazer conscientes do que podemos sentir.
Ao soar o início do evento soltamos as mãos e voltamos para nossas vidas. Entre nós o nosso amor permanece. E, por enquanto, isso nos basta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário