Te digo oi, te pergunto como você está, quero saber de ti. Escrevo em minha cabeça mensagens para ti, todas elas inadequadas, todas elas arquitetadas demais, artificiais demais. É que há que se ter cuidado: não quero entrar derrubando a porta, nem quero ficar tempo demais.
Queria um café à tarde, um bolo de fubá, pernas cruzadas e palavras que conversam.
Queria também te dar um cafuné, um abraço apertado, talvez até um xêro no cangote, mas aí eu preciso ir, preciso andar, já não quero nem posso ficar.
Perdôa, eu não sei sempre acessar teu coração.
Eu não sei sempre enxergar tua precisão.
É que há um coração desfeito no meu peito. Nele as coisas são feitas com o cuidado cansado de quem já mudou muito os móveis de lugar.
Aquela poltrona antiga que nunca sabe em que canto ficar, aquela cristaleira que já não é usada e fica pesada na sala de estar, aquela cortina velha que pega tanta poeira, mas que conta tantas histórias que é difícil desapegar.
Há coisas assim nesta casa que carrego no peito: uma arrumação, uma reorganização, uma inadequação.
Pode ser que passe, pode ser que não.
Mas quando o teu coração achar que o meu coração já não se importa, te peço: abre escancarada a porta e grita o meu nome alto que é para eu escutar.
Virei de longe, cansada ou não, mas chegarei sempre.
Porque a gente carrega na boca um sorriso pela metade: e o teu sorriso é um dos que fazem o meu sorriso ficar inteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário