quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Essa tua boca me chama

 Essa tua boca, meu bem. Essa tua boca que parece que nem é boca de gente! É tanta carne e tanto molhado e tanto macio! Que me chama! Me chama. Me chama. Já nem sei como eram os outros lábios que beijei! Que poder é esse, moça, que você tem? Quem pode assim ter a ousadia de me zerar inteira? De chegar derradeira e forte, como quem não se interessa pelo antes, como quem só quer mesmo é o agora. Pois essa boca te fala inteira, ó mulher, derradeira! E tu é toda boca! Toda carne. Toda vermelho. Toda intenso. Toda potência. Toda entrelaçada em mim. Mas olha aqui com teu sorriso nesses lábios ousados: que eles são caminho e desalinho e rodopio. E é essa tua boca que fala e encanta, que beija e enlouquece, que lambe e morde! E me faz também carne e boca e sorriso. De lábios com lábios de cima a baixo. Dos pés à cabeça somos boca e fome de nós. 

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