Estavam distantes uma da outra, mas nunca estiveram tão próximas. Tantos sonhos as uniam. Tantos desejos partilhados. Em algum ponto do tempo, sabiam que havia um futuro que seria delas. Juntinhas na mesma casa. Dormindo abraçadas todas as noites. Elas iriam rir das marmotas do dia como hoje faziam por áudios no celular, escutados em momentos escusos, quando cada uma delas podia se ver à sós. Não dividiam a mesma cidade. Não podiam se tocar sempre que gostariam. Não tinham como matar sempre as saudades que lhes apertava o peito. Às vezes batia um choro de repente em uma delas, desse amor tão grande sufocado lá dentro, pedindo para se libertar. E aí elas respiravam fundo, pediam forças aos céus e, de repente, como se a outra advinhasse a angústia, o celular vibrava a notificação. Assim, se amparam em suas dores, em suas saudades, em suas vontades. O amor que lhes unia ultrapassa tudo. O tempo que se arrastava. A distância que lhes separava. A invisibilidade que lhes ocultava. A falta de dinheiro que lhes limitava. O amor delas era maior que tudo isso. E entre uma fuga e outra das vidas que lhes prendiam, nas palavras trocadas elas se viam livres, amplas, nutridas dos sonhos mais lindos de uma vida que verdadeiramente lhes alimentava a existência. Ali, uma com a outra, elas pulsavam o próprio conceito de felicidade.
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