Os gelos bóiam aqui no wisky, amor. Meu olhar está longe. Brinco com os dedos no gelo e há uma ponta de angústia em mim. Mas não sei dizer, não sei, por Deus não sei dizer o que nos aconteceu. As histórias são daquele jeito batido, né? Do "era uma vez" até o "felizes para sempre" ou "até que o divórcio os separe", as histórias parecem ter começo, meio e fim. Mas conosco foi aquele estrondo. Aquela coisa sem canto e sem norte do raio que nos atingiu quando nos vimos. E parece que já começamos no meio de tudo. Não houve bem dizer um começo. Foi aquela coisa assim espalhada, esfregada em nós inteiras. Uma volúpia só! Uma deliciosa volúpia. Não sei. Será que foi isso que nos tirou o fôlego? Não sei. Fecho os olhos e lembro do teu sorriso. É tão bom te ver sorrir. Te ver feliz. É como sei que de fato te amo. Falo assim no presente mesmo, que o amor amado eu acho que fica na gente. Também falo porque sei o bom que demos para uma outra. Sei do amor que amamos. É que ficou aquela coisa sem jeito que de repente fez caminho entre nós. Nem sei precisar o que aconteceu. Por Deus, não sei. Mas fiquei aqui pensando se deu tempo de eu te dizer tudo o que eu queria. Se deu para eu falar da tua beleza, da tua alegria, da teimosia do belo que você carrega em si. De como eu gosto de ti e de como sou grata por tudo. Você veio exatamente quando tinha que vir. E me rodopiou inteira, amor. Eu creio nos desmantelos da vida, sabe? Creio naquilo que se constrói e creio naquilo que se destrói. Creio que encontros vêm para nos mostrar algo. E que desencontros também ocorrem pelo mesmo motivo. Então cá estou eu com o olhar longe, mas é na vontade que você saiba o bem que me fez. E que em ti eu também tenha deixado algo de bom.
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