quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Vem cá, meu bem

Vem cá, meu bem. Que eu te quero inteira. Lembra daquele dia no parque? Éramos amigas, então. Você falando divertida, rindo sorrisos tão amplos, contando despreocupada as suas histórias. Estou certa de que foi ali que eu comecei a me apaixonar por ti. Eu já nem sei direito em que ponto do caminho você tomou tanto espaço. Quando vi, você já estava em tudo. Acho que é assim mesmo que o amor funciona, não é? De repente, a gente se vê tomada por ele. O amor não pergunta nada, não quer saber, não dá ressalvas: apenas chega e se espalha todo em nós. Pois bem, meu bem. Eu cá estou lhe dizendo que venha, venha. Está tarde, eu sei, mas venha que eu lhe quero. Não apenas lhe quero: lhe preciso. Inteira e nua. Sorrindo esses teus sorrisos leves que às vezes soam como sorrisos que ainda não foram contaminados pela dor do mundo. Passarei minhas mãos de leve no teu rosto, olhando fundo nos teus olhos, sorrindo junto contigo. Palavras não serão necessárias, meu amor. Tenho olhos que sabem falar. E estou certa de que os teus olhos saberão ouvir os meus. Beijarei o teu rosto inteiro: a tua testa, as tuas pálpebras, a pontinha do teu nariz, a tua bochecha, o cantinho do teu lábio. Depois, me demorarei na tua boca, que ali quero morar. E te pronunciarei inteira em mim. A dialogar meu corpo com o teu. Venha. Que já é hora de você vir.


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